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08/12/2023
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Válvula de Escape

    Quando as razões se tornam poucas para explicar o universo do pensamento surgem as artes, o trabalho alternativo, o artesanato, para ilustrarem o abstrato da mente.

    Desde guri, peguei o gosto por escrever poemas. Creio que os primeiros escrevi com sete anos de idade. Lembro-me que a ansiedade por escrever me fazia rabiscar versos em tudo quanto era lugar. Por me preocupar com a quantidade comecei a enumerar os poemas e quanto mais eu fazia, mais sentia vontade de fazer. Quando terminei o ensino médio, contabilizei mais de dois mil poemas.

    Eu não me dava conta, na época, de que escrever era uma válvula de escape, pois na realidade em que eu vivia não havia espaço para refletir nem falar sobre ansiedade, sobre as coisas do coração... Hoje compreendo que tudo aquilo era uma forma de aliviar a mente.

    Houve um dia, que olhei para aquela pilha de cadernos cheia de poemas, que eu carregava para todo lado, e pensei que toda aquela carga de energia não era tão importante assim para carregar comigo e me desfiz dos poemas. A partir desse dia passei a escrever só quando tinha uma inspiração, sem me preocupar com a quantidade. Hoje, escrevo poemas e textos para melhorar o meu dia e melhorar o dia das pessoas que gostam do que escrevo.

    Conheço muitas pessoas que trabalharam por muitos anos em uma empresa e quando se aposentam se deparam com uma realidade de mudança de rotina repentina e encontram em alguma atividade a forma de investir o tempo e a criatividade. Assim, a carga de energia, o anseio em transformar o mundo onde vivem ganham vida em tantas formas (...). Conheço uma senhora que admiro tanto, pois que, mesmo tendo já uma idade avançada, se nega a ficar parada e mesmo não precisando, planta feijão, aipim, batatas e depois, vende a produção para os conhecidos. Como se não bastasse, ela ainda transforma panos de prato com seus bordados magníficos.

    Já tem tantos poemas no mundo, já tem tantos quadros e tantas músicas (…). Existem tantas formas que as pessoas usam para aliviar a tensão do pensamento que, de quando em vez, me deparo com algum artesanato e fixo pensando na quantia de vida que se traduz naquele artefato.

    Nada é só aquilo que se vê. Tudo que foi feito tem muito mais do que parece e, obviamente, que só dá valor para esses detalhes da vida aquele que já se deu conta do quanto é bom ter uma válvula de escape.


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Postado por:

Jácson Lusa

Jácson Lusa

Tradicionalista, poeta, pesquisador, comunicador de rádio e cursando bacharelado em adm. de empresas.

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