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Uma noite de luar
Desde menino aprendi a contemplar as estrelas e a lua.
Tive o privilégio de viver, por muito tempo, em um lugar que não tinha energia elétrica e para clarear as noites, em nossa casa, tínhamos um lampião abastecido com querosene.
Esse período me ensinou que o escuro da noite não é tão escuro assim, e que a lua é mais brilhante do que muitas pessoas pensam.
A noite de lua cheia era diferente das noites que estamos acostumados agora. Não havia outra luz, a lua era soberana e poderosa prateando o campo, entrando pelas frestas da casinha de madeira e inspirando sonhos grandes... Eu abria a janela, nos verões da minha infância, para permitir que ela adentrasse em meu quarto de onde meus olhos poderiam contemplar e admirar... Saía caminhar pelo potreiro para encher os olhos com a claridade dela. Deitava no gramado e conversava com a lua, sim, porque quem vive em um lugar remoto tem tempo para criar vidas, histórias, conversas, que hoje... Ah! Hoje não se vê mais isso. A lua me inspirou poemas, me fez acreditar em tantos sonhos, e foi minha confidente de tantas aventuras.
Depois veio a “luz”, da energia elétrica, e apesar de trazer grande evolução em conforto, me roubou coisas preciosas.
Hoje quando visito meus pais, saio a caminhar pelo campo, procurando aquele menino que conversava com a lua, procurando os poemas que ficaram pelo caminho, revivendo um tempo que parece ter ido embora... A única que continua lá, para mostrar que ainda é minha confidente, é a Lua.
Se pra você isso é estranho, e se um dia quiseres saber do que estou falando, procure um lugar, longe de qualquer lâmpada, e esqueça um pouco da vida, apenas contemple. A lua se encarrega do resto...