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Tempo e o tempo
Parecem distante um do outro, mas se misturam em nossas vidas, em nossos tempos, com bonanças e intempéries. O tempo tem o seu próprio rumo e ritmo.
Ambos não têm caminho de volta: o dia que passou; a chuva que caiu. É como um rio, que sempre flui. Carrega lembranças, sonhos e experiências, prejuízos materiais de toda ordem, frustações, desesperança e alvorecer, porque o tempo é agora.
Como a natureza, que agora nos pune, temos, na verdade que acreditar nos anos que restam de vida, porque os já vividos não os temos mais. Foram como uma avalanche, sempre na esperança de uma nova conquista, seja qual for, porém, esperar não significa inércia, muito menos desinteresse; renunciar não quer dizer que não ame; abrir mão não quer dizer que não queira; o tempo ensina, mas não cura.
Como mau tempo, o tempo passa. Mesmo quando isso parece impossível. Passa do modo inconstante, com guinadas estranhas e calmarias arrastadas, mas passa.
Assim, a natureza dá a cada época e estação algumas belezas ou tristezas peculiares, como a vida, mistura-se o tempo daquela com esta, e da manhã até a noite, como do berço ao túmulo, nada mais é que uma sucessão de mudanças.
Enfim, vamos deixar o tempo cuidar do tempo e seguir a vida enquanto é tempo.
Das leituras da madrugada:
“Eu não tenho filosofia; tenho sentidos...Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é, mas porque a amo, e amo-a por isso porque quem ama nunca sabe o que ama nem sabe por que ama, nem o que é amar...(Fernando Pessoa in "O Guardador de Rebanhos".