Quando vem a tempestade, balançam-se as árvores, caem as folhas, os ninhos vão ao chão… A fúria da natureza não respeita sonhos, não respeita luta, não respeita nada. As intempéries da vida, chegam, como chega um temporal, muitas vezes sem aviso, sem data marcada…

    Quem nunca passou o dia inteiro trabalhando, lutando pelo pão de cada dia, e ao chegar em casa parece que o mundo desmorona aos seus pés?

    O sentimento de que toda luta foi em vão se apossa do peito, não há, por mais equilíbrio emocional que se tenha, como se manter calmo quando há o encontro de duas forças distintas, a esperança e alegria contra a tristeza e a dor.

    Por um momento passamos a acreditar que a vida é injusta, que não merecemos passar por aquilo, e o resultado desse turbilhão de sentimentos começa a transbordar e sair em palavras, e às vezes sobra até para quem nada tem a ver com a situação. Deixamos escapar palavras que ferem, e elas não voltam. O gosto amargo da palavra que foi, fica na boca, e a palavra não volta mais. Palavra dita, mal dita, vai e leva consigo agulhas que não escolhem onde nem quem irão ferir…

    Somos muito mais frágeis do que pensamos. Por mais que nos vestimos de guerreiro durante a luta, basta uma palavra afiada para nos atingir a alma, e saímos feito leão querendo manter a figura de ferocidade, e quando nos damos conta já ferimos mais do que fomos feridos.

    Por isso penso que: sábio é aquele que recebe o temporal, e consegue aguentar em silêncio. Só depois que a tempestade passa é que ele abre a boca para falar. No meio da tempestade, parece ser forte aquele que luta, mas na verdade forte mesmo é aquele que pensa, reflete e se protege, pois guardando em si a tempestade ele protege a si e aos demais.