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Simecs faz levantamento sobre emissão de gases de efeito estufa em empresas da Serra
Trabalho inédito realizado em parceria com o Senai e Sebrae alerta para a importância da troca da matriz energética e aponta providências para evitar o aquecimento global
O Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Caxias do Sul e Região (Simecs) divulgou o resultado do primeiro levantamento sobre descarbonização feito junto às empresas de sua base. O trabalho foi realizado em parceria com o Senai-RS e Sebrae-RS com o objetivo de identificar as emissões dos gases de efeito estufa. A sondagem ocorreu por meio de um formulário em que as empresas declararam suas fontes de energia. Participaram 74 indústrias de pequeno, médio e grande porte dos setores automotivo, eletroeletrônico, ferramentaria, metal mecânico, alimentos e bebidas (fornecedores do setor) e empresas de móveis e acessórios (também fornecedores do setor). O levantamento foi iniciado no mês de outubro.
Para o vice-presidente de Relações Institucionais do Simecs, Ruben Bisi, este é um assunto que deve fazer parte do dia a dia das empresas. “ O destaque internacional que a temática da descarbonização ganhou na COP 28 é um sinal de que estamos muito bem alinhados com as necessidades da indústria. Este é um assunto que diz respeito a todos, mas a indústria precisa estar atenta, tanto pela questão do meio ambiente, quanto pela sustentabilidade dos negócios” - afirma.
Bisi salienta que a indústria com processos voltados à redução na emissão de carbono é melhor avaliada nos mercados nacional e internacional, tem ganhos em competitividade e no sistema financeiro e mais facilidades para aquisição de crédito.
O Senai foi o responsável pela ferramenta de análise de dados coletados. Os números são considerados iniciais, mas extremamente importantes para a formação de um primeiro cenário regional. A expectativa é realizar o levantamento periodicamente para constatar a evolução e melhorias obtidas. Para o analista de serviços técnicos e tecnológicos do Senai-CNTL, na área de Inventários de Gases de Efeito Estufa, Luciano Braga Souto, a iniciativa do Simecs é extremamente relevante porque despertou o interesse de muitas indústrias que até o momento não tinham um plano para iniciar a redução da emissão de carbono.
Já para a Liana Frosi Tessari, Gestora de Projetos para a Indústria, do Sebrae Serra Gaúcha, o relatório vai auxiliar na proposição de ações concretas para a implantação de melhorias. “Muitas vezes ações mínimas como uma capacitação em eficiência energética, consultorias, ou mesmo capacitações em ESG já são suficientes para conseguir excelentes resultados” - salienta.
A partir do estudo, o Simecs propõe uma série de ações para sensibilizar o setor. Entre elas estão fortalecer as parcerias com Sebrae, Senai, Instituições de Ensino e poder público para tratar do tema; articular junto ao poder público para criar projetos e buscar recursos para auxiliar as empresas no processo de descarbonização; buscar apoio junto às instituições financeiras buscando financiamentos atrativos para implantação de melhorias. Além disso, o Simecs também deve promover cursos, eventos e consultorias e workshops sobre eficiência energética, entre outras ações.
RESULTADOS DO LEVANTAMENTO:
Participaram 74 empresas de pequeno, médio e grande porte dos setores automotivo, eletroeletrônico, ferramentaria, metal mecânico, alimentos e bebidas (fornecedores do setor) e empresas de móveis e acessórios (também fornecedores do setor). A forma de coleta dos dados foi a partir de formulário online, com adesão voluntária das indústrias.
Entre as empresas participantes há indústrias que possuem de 1 a 10 colaboradores até empresas com mais de 2000 colaboradores.
Para 79% dos participantes, esta iniciativa do SIMECS representou o primeiro contato com a elaboração de inventário de emissões de gases de efeito estufa (GEEs). Consequentemente, o entendimento de quais são as fontes de emissões presentes na empresa e a respectiva gestão de dados quantitativos destas fontes ainda não é uma realidade dominante no setor, indicando a relevância desta primeira iniciativa do SIMECS e trazendo uma perspectiva de continuidade para o amadurecimento da gestão de emissões de GEEs.
Entre os dados coletados, constatou-se que as empresas que mais emitem gases de efeito estufa são as empresas com mais de 2000 colaboradores, com uma emissão média de 17.772,93 toneladas de CO2 eq referentes a 2022, sendo que as empresas de 1 a 10 colaboradores emitem em média apenas 3,27 toneladas de CO2 eq. Dados adequados à realidade, tendo em vista o tamanho da operação das empresas. As emissões médias obtidas nesta iniciativa tendem a ser atualizadas em edições futuras, tanto em função de um aumento de participantes, quanto do desenvolvimento da maturidade de gestão das fontes de emissão.
O inventário setorial contemplou o escopo 1 e 2 do Programa Brasileiro GHG Protocol, as fontes de emissões de CO2 eq declaradas foram: combustão estacionária, combustão móvel, emissões fugitivas, emissões de processos industriais, emissões de tratamento de efluentes e as emissões associadas ao consumo de energia elétrica.
A categoria de emissões por combustão estacionária apresentou o maior destaque, representando de 59% até 94% das emissões dos grupos de empresas consolidados em função do número de colaboradores, onde o consumo de gás natural e GLP representam as principais fontes. Para as empresas com até 10 colaboradores as fontes de combustão móvel tiveram maior destaque chegando a 75% das emissões.
Estes dados preliminares já apontam indicativos para direcionamentos em eficiência energética para atuar nas principais fontes de emissões, e como legado principal desta iniciativa o desenvolvimento de uma cultura voltada para gestão das fontes de emissões e descarbonização do setor.
SOBRE O SIMECS
Com 66 anos de atuação, o Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Caxias do Sul e Região (Simecs) é uma das maiores entidades patronais do Sul do país. Reúne empresas que, juntas, respondem por 69 mil postos de trabalho e um faturamento anual de R$ 50 bilhões. Dentre suas prioridades de atuação estão o impulso à inovação e à competitividade da indústria, a representação dos associados junto às instâncias políticas e econômicas e o incentivo à expansão dos negócios regionais nos mercados nacional e internacional.
A sua base reúne os seguintes municípios: Carlos Barbosa, Caxias do Sul, Cotiporã, Garibaldi, Fagundes Varela, Farroupilha, Flores da Cunha, Guabiju, Nova Pádua, Nova Prata, Nova Roma do Sul, Protásio Alves, São Marcos, São Jorge, Veranópolis, Vila Flores e Vista Alegre do Prata.