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Responsabilidades
Viver, uma dádiva. Saber viver, uma dádiva maior ainda. Esse texto não é sobre como viver, é sobre deixar-se viver. Sobre aproveitar coisas pequenas que fazem o todo valer a pena.
Abro a porta, estilo janelão, de minha sacada, adentro com calma o ambiente em questão, sinto a brisa atingir meu rosto, deixo-me ali, comtemplando o vento do amanhecer que em minha face esbarra, fecho os olhos para aproveitar melhor as percepções sensoriais. Você sabia que ao fechar os olhos seus sensores corporais aumentam significativamente e você consegue amplificar o aproveitamento das sensações? Faça o teste. Estou ali, paralisado, de olhos fechados, pés descalços, cabelos desarrumados, na mão direita uma caneca de café recém feito, ainda se percebe a fumacinha pairando pelo ar, elevo a caneca até minha boca e dou um gole naquele café passado no coador de pano, como minha avó fazia, continuo com os olhos fechados, sentindo o sabor do aroma daquela metamorfose que ocorre entre os grãos do café e a água quente, a brisa arrebatando minha pele com carinho, ali, somente eu e a natureza. Uma sensação única, de um ato pequeno, rápido, gratificante e prazeroso.
Neste momento único, singular, digo isso pois ele nunca mais se repetirá da mesma forma, poderá ser parecido, até melhor, porém igual jamais. Tento aproveitar o máximo possível esses minutos de paz e unidade com o universo. Nesse instante nada mais importa, a não ser minha energia, meu corpo, minhas sensações, meu Ser inteiro nesse tempo presente. Um momento curto, uma atividade pequena e insignificante para olhares desavisados, mas muito gratificante para olhares atentos, pessoas que veem significado em tudo, pessoas presentes.
Passamos muito rápido pela vida para viver no automático. Merecemos a felicidade, mesmo que breve, mesmo que por instantes. Deus existe, e está em todos os detalhes, como nos pequenos momentos que possuem grande significado. Não precisamos exagerar na vida, precisamos apenas estar presentes para senti-la.