Sempre tive comigo um questionamento sobre uma atitude muito comum em início de aulas. Quase todos os professores que estão iniciando um semestre, ou iniciando um curso, enfim, tem o hábito de dizer: Perguntem, interrompam, questionem, não tenham medo de perguntar…

    Antes de ter um entendimento maior sobre propósito eu pensava: Poxa o cara tá dando a oportunidade de alguém atrapalhar a sua aula, de alguém questionar ou colocá-lo em situação vulnerável diante de algum questionamento, enfim, eu sempre pensei: Porque alguém quer correr esse risco?

    Aprendi mais sobre isso após a execução de um projeto que estou desenvolvendo com alguns amigos. O projeto tem, essencialmente, um objetivo cultural. E justamente por isso o meu desejo é que as pessoas participem e entendam esse objetivo. Gostaria que, tanto os que trabalharem quanto os que vierem para viver a experiência, entendessem e se engajassem nesse propósito. Já foram 4 edições da Noite Galponeira, e aqui trago o aprendizado após a primeira edição.

    A noite proposta no projeto contemplava um jantar típico gaúcho, um show nativista, apresentação de poesias, apresentação de danças e um baile. Conseguimos entregar tudo da melhor forma possível. Tudo impecável

    Mas como saber se o objetivo realmente foi atingido? Como saber se realmente o povo entendeu o propósito ou se apenas vieram a um jantar e baile?

    Só fui entender mais sobre isso nas horas e dias seguintes. Quando as pessoas começaram a dar feedbacks, a opinarem sobre ideias para os próximos, quando recebi críticas construtivas, quando as pessoas que trabalharam na execução me entregaram abraços deixados por pessoas que não conseguiram se despedir de mim ao final.

    Passei a entender que quando o professor tem um propósito muito maior do que simplesmente dar aula, ele quer ser questionado, quer ser interrompido, pois é nesse momento que ele saberá se o propósito de seu trabalho está tendo êxito. Quem não tem um propósito naquilo que oferece, quer apenas fazer a entrega, virar as costas e ir embora e quanto menos questionarem melhor.

    Quando as pessoas questionam, sugerem, criticam, elogiam, é porque elas, de fato, estão querendo fazer parte, ou se sentindo parte, pois se estivessem apenas de corpo presente não faria diferença alguma os detalhes da entrega que está sendo feita.

    Saber que o propósito foi entendido, aceito e que as pessoas estão realmente vivendo o que você pensou, é algo tão contagiante que nos motiva a querer dar o melhor para que os olhos das pessoas brilhem mais ainda.