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Por Diamantina - MG
Era o mês de abril de 1996. O velho Chevette branco que partira de Belo Horizonte, galgava com exuberância as montanhas mineiras, valente, forte, destemido; façanha jamais crédula, mas foi verdade.
Rodados trezentos quilômetros, mais ou menos, nos deparamos com a terra de Chica da Silva e de Juscelino Kubitschek, quando o sol se despedia mas deixava lastros de sua quentura como se as ruas de pedras refletiam os brilhos do tempo da riqueza reluzentes do ouro.
Antes de tudo, indicado pelos Caixeiros Viajantes, buscamos acomodações para pernoite num velho casarão com quartos com acomodações para quatro camas distante do banheiro no final do corredor sombrio iluminado pela lua enquanto não estava minguante.
Porém, tudo era compensado pelas belezas naturais, turismo de aventura, museus e um passeio incrível pela gastronomia e receptividade mineira.
Era, então, o Caminho dos Diamantes, localizada numa geografia distante, paisagens de tirar o fôlego. Isso porque ela se situa ao extremo deste caminho, que liga a cidade de Ouro Preto, na região dos Inconfidentes, até o Vale do Jequitinhonha, no centro norte de Minas Gerais.
A partir daí, em direção ao Sul da Bahia só os heróis resistem a seca, o sol, numa luta constante de inteligência na busca da sobrevivência, de amor devotado à terra, sublime e incomparável. Difícil descrever a paisagem desértica de uma vegetação rude de longa e erma existência.
Diamantina surgiu em meados do Século 17, durante o auge da exploração de ouro e diamante em terras mineiras. Além disso, no final do século seguinte, ela figurava ao lado de Ouro Preto e São João Del Rey como as maiores cidades do estado.
Por coincidência, as três são abençoadas por um luar só comparável a mais perfeita descrição de uma arte poética, quiçá, desenvolvida pela ex-escrava alforriada Chica da Silva, que se casou com João Fernandes de Oliveira, tornando-se esposa do homem mais rico do Brasil naquela época. Saudades do companheiro Chevette e do perfume que Diamantina inalava à noite confortando a solidão.