Notícias
O livre-arbítrio
A questão do livre-arbítrio tem uma grande importância e graves consequências para toda a ordem social, por sua ação e repercussão na educação, na ética, na moralidade, na justiça, na legislação etc. A liberdade é condição necessária à alma humana, pois todos somos artífices de nosso destino. À medida que o Espírito se distancia da sua criação, desenvolve as ideias, e, com estas, desenvolve também o livre-arbítrio, isto é, a liberdade de fazer ou não fazer, de seguir este ou aquele caminho para seu adiantamento. O termo livre-arbítrio, com o qual nos deparamos, constantemente, segundo a Doutrina Espírita, é a capacidade de escolher, dentre as várias alternativas que nos surgem, aquela que julgamos ser a mais conveniente e desejável, permitindo-nos, assim, determinar o que queremos para nós. À primeira vista, a liberdade do homem parece muito limitada ao círculo de fatalidades que o cerca: necessidades físicas, condições sociais, interesse ou instintos. A liberdade aumenta com a evolução espiritual do ser humano e com ela aumenta também a responsabilidade. É a responsabilidade do homem que faz sua dignidade e moralidade. O filósofo alemão Immanuel Kant (1724-1804) asseverou que “a pessoa pode perfeitamente, fazer uso do seu livre-arbítrio sem intervenções de outrem, mas o fará com segurança se tiver conhecimento e consciência dos limites de sua liberdade.” O livre-arbítrio é o agente da ação, juntamente com a vontade. O limite da manifestação da vontade individual encerra-se quando começa a liberdade alheia, por isso a liberdade é relativa. As influências sobre o livre-arbítrio são em primeiro lugar relativas ao conhecimento alcançado. Quanto maior o domínio sobre um segmento de conhecimento, tanto maior será o entendimento e a responsabilidade sobre as decisões. Tanto a virtude como o vício dependem da vontade do indivíduo. Onde estamos em condições de dizer não, podemos também dizer sim. Segundo os ensinamentos de Aristóteles (384-322 a.C.), se cumprir uma boa ação depende de nós, dependerá também de nós não cumprir uma ação má. De acordo com a Doutrina Espírita, o homem não é fatalmente levado ao mal; os atos que pratica não foram previamente determinados; os crimes que comete não resultam de uma sentença do destino. Ele terá sempre a liberdade de agir ou não agir no Bem. Todas as dificuldades materiais podem ser vencidas. Para isto, o homem deve utilizar a sua vontade em direção à realização da sua evolução. Ainda nos deparamos com indivíduos que usurpam a liberdade dos seus semelhantes. E, aqui não estamos falando daqueles indivíduos que não sabem conviver em sociedade e necessitam ter a sua liberdade interrompida e serem retirados do seio da comunidade. Estamos nos referindo àqueles que, movidos pelo seu egoísmo, só veem seus interesses e ultrapassam o limite da liberdade em detrimento dos outros. O homem só estará verdadeiramente preparado para a liberdade no dia em que as Leis divinas se tornem conscientes e repercutam em todos os seus atos. No dia em que ele fizer das leis maiores a norma das suas ações, terá atingido o ponto moral para a sua felicidade plena.