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Livre-Arbítrio, Consciência e Responsabilidade
A vida em sociedade impõe restrições normais ao amplo exercício do livre-arbítrio, considerando-se os conceitos de liberdade com ética e liberdade com moral. A primeira diz respeito à autonomia de agir em função do que se quer e do que o outro espera que se faça. A segunda indica agir no bem, que pode ser expresso nesta regra, conhecida como “a regra de ouro”, anunciada pelo Cristo: “Tudo quanto, pois, quereis que os homens vos façam, assim fazei-o vós também a eles; porque esta é a Lei e os Profetas” (Mateus, 7:12). O homem encontra neste princípio uma regra universal de conduta, mesmo para as suas menores ações. A vida em sociedade é conquista evolutiva da Humanidade. Mas a melhoria das relações pessoais que conduz à vivência harmônica e solidária fundamenta-se em princípios universalmente aceitos, especificados pela ética e pela moral. Santo Agostinho (354-430) definia livre-arbítrio como “faculdade da razão e da vontade, por meio do qual é escolhido o bem mediante o auxílio da graça e o mal, pela ausência desta”. A maioria dos filósofos, da Antiguidade aos dias atuais, admite que nenhum homem possui liberdade ilimitada. A pessoa age com mais liberdade quando compreende as alternativas que envolvem uma escolha. Ao analisar racionalmente as possibilidades de uma tomada de decisão o indivíduo tem chances de fazer escolhas mais acertadas. Assim, as pessoas que, não buscam informações para se esclarecerem, apresentam maiores dificuldades para identificar alternativas oferecidas pela existência ou para a realização de algo. O Espiritismo, por sua vez, considera que nada acontece sem que Deus permita. Porém, isso não significa que há um controle divino absoluto sobre tudo que impede a manifestação da vontade do homem. Na verdade, Deus dá ao Espírito a liberdade de escolha, deixando-lhe a responsabilidade de seus atos. “Se vier a sucumbir, resta-lhe o consolo de que nem tudo se acabou para ele e que Deus, em sua bondade, deixa-o livre para recomeçar o que foi malfeito.” Ainda, segundo a Doutrina Espírita, o homem desenvolve sua capacidade de fazer escolhas mais acertadas, de saber utilizar corretamente o livre-arbítrio, à medida que evolui espiritualmente, pela aquisição de conhecimento e de moralidade. Nestas condições aprende a distinguir o bem do mal. Segundo Léon Denis, “A liberdade e a responsabilidade são correlativas no ser e aumentam com sua elevação; é a responsabilidade do homem que faz sua dignidade e moralidade. Sem ela, não seria ele mais do que um autômato, um joguete das forças ambientes: a noção de moralidade é inseparável da de liberdade.” Para ele, o livre-arbítrio é a expansão da personalidade e da consciência. A consciência é a Lei que nos acompanha, o espelho do Criador. A consciência revela-nos tais como somos, seja aonde for e a responsabilidade dá-nos as características de acordo com nossos merecimentos, nossas culpas ou compromissos reencarnatórios. Não conseguiremos fugir às responsabilidades dos nossos atos, porque o tempo é inflexível e porque o trabalho que nos compete não será transferido a ninguém. Responderemos por todos os malefícios que causarmos aos corações alheios e não nos permitiremos repouso enquanto não resgatarmos até o último erro praticado. Compreendemos, dessa maneira, que o livre-arbítrio é proporcional à consciência que registra a responsabilidade dos atos frente à Lei Divina.