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Finados
É verdade, meus parentes e amigos estão em minha saudade e em minha lembrança constante. Inquestionavelmente, os de sangue e parceiros mortos me acompanham, cada vez mais vivos. E talvez estejam pairando sobre os montes, os rios, as florestas e os lagos, e sobre outras belezas infinitas de uma outra desconhecida dimensão.
Quando penso na vida, reconheço que já tive medo da morte. Hoje não tenho mais. O que sinto é uma enorme tristeza. Concordo com Mario Quintana: “Morrer, que me importa? (…) O diabo é deixar de viver. ” A vida é tão boa! Não quero ir embora…”.
Cecília Meireles sentia algo parecido: “E eu fico a imaginar se depois de muito navegar a algum lugar enfim se chega… O que será, talvez, até mais triste. Nem barcas, nem gaivotas. Apenas sobre humanas companhias… com que tristeza o horizonte avisto, aproximado e sem recurso. Que pena a vida ser só isto…”.
Mas, calmamente aguardo, pois, enquanto no céu os entes queridos me espiam, aqui no chão a emoção assim despedaça, principalmente, neste dia, dia deles, onde difícil entender a dor e por que sofrer, assim, tanto, se, no entanto, tudo é apenas questão de tempo, a vida e a morte é encanto como um sopro em fumaça, numa lembrança tão cruel e vazia.
De outra banda, tentamos pensar diferente que neste dia, triste de finados, esqueçamos o luto aqui vivido novamente, para transformá-lo em comemoração, porque, os filhos que estão vivos, nossos pares, os amigos, os pais que aqui ficaram é a vida dos presentes.
Procuro ver as flores, arrancadas dos seus braços largada sob a ira do sol, para satisfazer, disfarçando o seu enfado do cansaço.
Também, quero ver e sentir os jardins chorarem suas felicidades e os ventos soprarem o sopro oco, dos nossos amores, sem dúvidas que possam aflorar seus medos, apenas as lembranças místicas, no fino infinito do seu tino.
Por fim, semeie o amor e plante a esperança. Faça com que as pessoas tenham de você boas lembranças e você irá levar consigo uma riqueza que nem a morte será capaz de lhe tirar.
SAUDADES!!!