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25/03/2022
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Fé corrompida

Coluna 93 da Pandemia. Se cuidem, por favor.

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Durante a CPI da COVID, no ano passado, foi descoberto o escândalo DAVATI. Na ocasião, o governo, por meio de seus agentes militares em pastas civis, estaria negociando propina para compra de vacinas da AstraZeneca de uma empresa supostamente atravessadora, com sede nos Estados Unidos, a Davati. O representante comercial da Davati no Brasil, responsável por fechar um acordo de quatrocentos milhões de reais, era o policial Militar Luiz Paulo Dominghetti. Seu acesso junto ao Ministério da Saúde teria sido intermediado pelo Reverendo Amilton Gomes de Paula, que enviara um e-mail horas antes para a pasta.

Talvez esse tenha sido o primeiro grande evento em que religiosos interviram, quase que desastrosamente – por detalhe não foi – em questão estratégica dos rumos do país. Brincaram com vacinas e propinas.

Agora, áudios sugerem que o Sr. Ministro da Educação, Milton Ribeiro, condicionaria auxílios do governo federal à educação nos municípios a indicação de dois Pastores Evangélicos que, assim como o reverendo Amilton, não fazem parte, oficialmente do governo. Segundo apurou a Folha de São Paulo, Gilmar Santos e Arilton Moura seriam os religiosos com poder de influenciar o Governo Bolsonaro dessa vez.

Um dos relatos, inclusive, afirmou que o Pastor Arilton pediu um quilo de ouro, como faria um pirata, para intervir junto ao Ministério.

Pior do que o ouro (de tolo), contudo, é a intervenção ideológica, de cima para baixo, que o projeto proselitista religioso de extrema direita bolsonarista empreende. Uma das condições para intervenção dos Pastores seria a contribuição dos municípios, seu compromisso, para instalação de igrejas de sua confissão religiosa.

Jesus Cristo expulsou, a pauladas, os vendilhões do templo, mas eles voltaram (aliás, muitas coisas ruins voltaram nos últimos tempos). Mostrar a cara desses charlatões que carregam a Bíblia não é intolerância religiosa, mas sim de denúncia a corrupção da fé.

Tais religiosos, de fé corrompida, se valem do projeto neoliberal bolsonoarista, amparado em vazias pautas morais, de destruição da educação para, tal como hienas, chacais e abutres, abocanharem a carne pestilenta impedindo a implementação justa de projetos educacionais tão inadiáveis em nosso país.

Se quisermos resolver esse problema, precisaremos reconhecer a laicidade do Estado e levar a educação a sério.


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Postado por:

MAURÍCIO SANT'ANNA DOS REIS

MAURÍCIO SANT'ANNA DOS REIS

Advogado Criminalista. Professor de Direito Penal, Processo Penal e Direitos Humanos. Mestre em Ciências Criminais.

OAB/RS 69.542

msrmauricio13@gmail.com

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