Muitas vezes questionamos sobre a causa das aflições que vemos no mundo todos os dias. Se não conosco, as vemos com aqueles a quem amamos, irmãos que compartilham nossa existência, crianças que nascem com imperfeições físicas, outras que nascem na miséria. Outras vezes nos deparamos com problemas em nossas vidas e nos perguntamos: Por que tanto sofrimento, tantas dificuldades? A Doutrina Espírita nos ensina que Deus é soberanamente justo e bom. Então, como atribuir a causa de nossas aflições? Reclamamos diante de problemas grandes e pequenos, sem percebermos que essas dificuldades são consequências dos nossos próprios atos, e que as dificuldades são por nós escolhidas como forma de aprendizado e de evolução. Sabemos que nossa existência é um caminho em direção a um progresso cada vez maior, que visa nos conduzir a tão almejada felicidade. Para tanto, Deus nos concede várias experiências através das diferentes encarnações, nas quais aprendemos, ensinamos, erramos, acertamos, experimentamos todos os tipos de provas e muitas expiações.

    Expiação, segundo Allan Kardec, em sua obra “Instruções Práticas sobre as Manifestações Espíritas” é a “pena que sofrem os Espíritos como punição das faltas cometidas durante a vida corporal. A expiação, sofrimento moral, ocorre no estado de erraticidade como o sofrimento físico ocorre no estado corporal. As vicissitudes e os tormentos da vida corporal são, ao mesmo tempo, provas para o futuro e expiação do passado.” Em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, no capítulo V, Bem-aventurados os aflitos, temos a explicação de que não há falta alguma, por mais leve que seja, nenhuma infração da Lei de Deus, que não acarrete forçosas e inevitáveis consequências, mais ou menos deploráveis. Daí se segue que, nas pequenas coisas, como nas grandes, o homem é sempre punido por aquilo em que pecou.

    Desta maneira, compreendemos que antes de reencarnar o Espírito escolhe o gênero de provas que quer suportar de acordo com o seu livre arbítrio Sem dúvida nenhuma, tal escolha está condicionada à maturidade espiritual, isto é, quanto maior o progresso espiritual, maior a capacidade e liberdade de escolha. E, de acordo com as suas faltas, o Espírito escolhe o gênero de provas ou expiações que o faça avançar mais rapidamente. Na obra “O Livro dos Espíritos”, Allan Kardec indaga aos Benfeitores da Humanidade na questão 998: “A expiação se cumpre no estado corporal ou no estado espiritual?”; recebendo como resposta: “A expiação se cumpre durante a existência corporal, mediante as provas a que o Espírito se acha submetido e, na vida espiritual, pelos sofrimentos morais, inerentes ao estado de inferioridade do Espírito.” Sejam provas ou expiações o que nos fizeram reencarnar, vamos agir, sobretudo no bem. Podemos concluir dizendo que quanto maior a nossa dificuldade, maior a nossa necessidade de progresso. Diante das aflições, podemos contar sempre com a ajuda dos amigos espirituais para uma vida mais correta, para a vitória sobre as dificuldades, para a superação de todas as aflições, isto é, para o encontro do caminho, da verdade e da vida, ou seja, uma vida amparada pelos ensinamentos de Jesus. Que o Mestre nos abençoe, nos dê coragem, fé e confiança, para que possamos nos fortalecer e nos conduzir mais firmes e seguros, na certeza de que todas as nossas provas e expiações servirão para o nosso progresso moral e espiritual. Lembremos sempre que a Lei de Causa e Efeito rege a nossa vida. Seremos ditosos ou desgraçados aqui e no além-túmulo, na proporção do bem ou do mal que houvermos feito. A vida sempre nos devolve o que a ela damos. É da Lei!