Não é nova a ideia de que emoções, sensações, percepções, pensamentos e memórias desencadeadas por fatores estressantes, apoio social, estilo de vida, fé, música, atividades prazerosas, depressão, entre outros estão ligados à morbidade e mortalidade e, portanto, à saúde e à doença do ser humano. Espiritualidade é uma ferramenta com grande potencial de interferência sobre os complexos processos relativos à saúde e à doença. Ela é o que dá sentido à vida, sendo um sentimento de foro íntimo, que amplia a consciência para o cuidado de si e do outro, remodelando a forma de ver, viver e relacionar-se na sociedade. Vivemos, desde meado do século XX, numa sociedade crescentemente globalizada, consumista, marcada pelo que foi denominou de “cultura do narcisismo”. Explica-se esse termo quando observamos um mundo que adota a utopia do corpo e da saúde perfeitos, busca viver intensas e mutáveis sensações, além de almejar a conquista do sucesso e do poder como metas ao mesmo tempo solitárias e não solidárias, esquecendo-se ou não querendo enxergar o grande número de excluídos pela idade avançada, saúde debilitada e pobreza. Na medida em que essa sociedade de consumo alimenta idealizações onde tudo pode e deve ser adquirido, ela mesma gera frustações e depressões em grande escala, em grande número de indivíduos, como estamos vendo em todos os lugares. Em meio ao incontestável avanço tecnológico que permite a interligação dos indivíduos para além de crenças e fronteiras, surge o paradoxal isolamento dos seus próximos, com referenciais que já não são locais nem particulares como no passado: a família, a comunidade, a cidade e nem mesmo a pátria. São as novas formas do mal-estar contemporâneo refletindo um vazio de sentido, um desencanto generalizado diante da desumanização do mundo, do descuido da natureza e do aumento da violência em todas as suas formas. A espiritualidade pode representar, assim, uma resposta aos impasses da atualidade em qualquer idade, diante desse cenário de fluidez, fragmentação e impessoalidade. Considerando que os impasses sociais afetam a todos os cidadãos e que o imediatismo paralelo ao consumismo são fontes geradoras de um grande vazio espiritual tanto na infância quanto nas posteriores fases da vida, cabe-nos perguntar como as crianças podem construir uma vida interior e uma espiritualidade rica, na correria dos transportes e dos horários que lhes impomos? Como procurar e experimentar a transcendência, aquilo que está para além da mera sobrevivência diária, do aqui e agora, dando assim um sentido à vida, à sua existência e ao Mundo a que pertencem? É preciso mudar o conceito equivocado de que a mente e o corpo funcionam separadamente. Enquanto isso não acontecer, será difícil erradicar doenças usando apenas os métodos científicos convencionais. É fundamental que a Ciência e a Espiritualidade caminhem juntas e se complementem. Pesquisas recentes demonstraram que a nossa maneira de pensar pode ativar ou desativar nossos genes, provando que as emoções acionam ou deprimem as nossas defesas naturais. As doenças mentais ou físicas são resultado dos nossos pensamentos negativos que geram impactos nas células. A energia mental negativa se torna tóxica e produz uma variedade de doenças. Quando pensamos de maneira positiva, nutrimos as nossas células de energia positiva. A saúde e a doença são construções do Espírito imortal. A Doutrina Espírita, como Ciência e Filosofia, fornece os elementos educativos essenciais para a profilaxia das enfermidades da alma. Será por meio da renovação moral e dos esforços no desenvolvimento das virtudes preconizadas por Jesus, que o homem terá condições de imprimir em seu organismo físico novo direcionamento de harmonia com as Leis Divinas. Através da oração, da meditação, da terapia do perdão, da fé, do exercício das virtudes cristãs, da prática do Evangelho do Cristo e do bom uso dos pensamentos, é que iremos nos libertando das nossas viciações morais e atingiremos a saúde perfeita.