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Brasil, Ucrânia e Rússia
Coluna 92 da Pandemia. Se cuidem, por favor. Somente viagem para a Ucrânia se for estritamente necessário.
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Tenho evitado escrever sobre a guerra na Ucrânia por um motivo muito simples: não tenho conhecimentos suficientes a não ser os mínimos necessários do nível do palpite. Digo o mesmo para outras guerras menos europeias e por isso menos preocupantes e de menor atenção da mídia, como a do Iêmem, massacrado pela coalização comandada pelo Reino da Arábia Saudita, ou mesmo as incessantes violações de Direitos Humanos contra o povo palestino levada a cabo por Israel.
A participação brasileira no conflito, contudo, me permite refletir sobre algumas questões nacionais das quais estou um pouco mais afeto.
O Deputado Estadual por São Paulo, Arthur (Mamãe Falei) do Val, sob o pretexto de auxiliar milícias ucranianas na confecção de coquetéis molotoves, circunstância essa que em si é questionada, protagonizou um grande fiasco. Em áudio vazado, o Deputado afirmou que as mulheres ucranianas seriam “fáceis” por serem pobres. O fácil usado nesse sentido tem a conotação sexual, o que fica claro quando ele elogia um colega seu de MBL que realiza o “Tour de Blonde”, eufemismo para turismo sexual no leste europeu. Bolsonaro criticou do Val, embora já tenha defendido o turismo sexual no Brasil, o que demonstra que ele não critica sua atitude, mas apenas se utiliza de um pretexto para queimar um antigo aliado.
Outro fiasco brasileiro que chamou a atenção foi o do grupo de atiradores, liderado pelo instrutor de tiro Tiago Rossi, que se alistou na legião estrangeira para lutar contra a Rússia. Muito preocupados em agir nas redes sociais Tiago e sua trupe deram às tropas russas informações sobre a localização do campo de treinamento em que estavam lotados. O local foi atacado e os brasileiros, em uma cena mais do que patética, tiveram que fugir para a Polônia. Tiago ainda afirmou que não sabia o que era uma guerra, mas achava que sabia, possivelmente por sua experiência em vídeo games.
Os dois casos se assemelham tanto por uma percepção idealizada e falsa de um evento real e as suas consequências mais do que palpáveis. Isso demonstra que a falsificação da realidade que grupos como os desses bolsonaristas, a direita histérica, que toma nosso país de assalto desde 2014 pelo menos, está enfraquecendo. Calhou de ser, ainda bem, em um ano eleitoral.