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Aventando…
Era época de colheita do feijão, era também construção de aprendizado de vida no processo rudimentar em que acontecia a colheita e a limpeza dos grãos. Depois de passar pelo “manguá”, a ferramenta que debulha, as sementes de feijão ficam todas misturadas ao pó gerado pela quebra de vagens, folhas e caule do pé de feijão. também continha, nessa mistura, terra e algumas pedrinhas…
Para fazer a limpeza, era necessário separar a semente da sujeira. Para isso meu pai esperava um dia com vento, então era esticado uma lona no chão, depois disso ele enchia um balde com a mistura de semente e sujeira, erguia o balde o mais alto que podia, e começava a despejar a semente na lona bem devagar. Acontecia a mágica! O vento soprava toda a poeira para longe e as sementes caiam em cima da lona. Em meio a semente ficavam apenas algumas pedrinhas que eram removidas no ato de escolher o feijão na hora de cozinhar.
Quando a vida nos aplica as provações, quando passamos pelas experiências de luta, de derrota, de fracasso e alguns tropeços, é assim que saímos dessa experiência. Parecendo que estamos no meio da poeira. Parece que não temos valor algum. A vontade é de sumir, se enfiar em um buraco e não sair mais. Muito provavelmente em algum momento da vida todo mundo já se sentiu assim.
Mas quando o vento começa a soprar a nosso favor, e as primeiras sementes do que temos de bom começam a brilhar, a satisfação e a vontade de viver assumem o comando, e parece que o vento naturalmente vai jogando para longe a sujeira que nos volteia.
Ficam sim algumas pedrinhas, que cabe a nós removê-las, mas nada que possa impedir de a gente perceber que somos muito mais valiosos do que a gente imaginava.
Descobrimos o nosso real valor depois das experiências duras que vivemos, e como já falei, nem toda surra que a vida nos dá é para nos destruir, muitas vezes é preciso para que possamos nos despir das cascas e galhos que já não faz mais sentido andarem conosco.