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As badaladas
A voz da notícia do falecimento, precedida das badaladas, informavam que algum, amigo, vizinho, parente partira para a viagem eterna.
Era o momento de começar os preparos para o velório que superavam as 24:00 horas, na residência do falecido, onde durante a longa noite era servido quitutes, bebidas calóricas, normalmente, uma sopa.
Da saída do lar até a Igreja Matriz, - sendo o ataúde transportado no antigo Opel da Funerária Rossi, - onde era realizada a missa de corpo presente e seguindo o féretro, (os vivos a pé), até o cemitério Municipal.
Durante o trajeto as portas dos estabelecimentos comerciais, em razão do respeito, eram fechadas. No destino final, novas despedidas sempre patrocinadas pelo Padre indicado, até o último tijolo ser encerrado.
Escrevo sobre este tema, porque observo que nossas despedidas fúnebres estão se tornando o quanto mais célere possível, até com Sílvio Santos. Sequer o Padre vai abençoar a última morada como dantes.
Quiçá uma péssima lição adquirida na maldita pandemia onde, incrivelmente, os falecidos eram ensacados e direto para o túmulo.
Também sei que compreender a morte é fundamental no tratamento de todos que passaram e ainda passam pelo luto. Cada um precisa levar o tempo que for preciso para recompor-se e superar o grande choque da perda, o que não justifica a pressa do afastamento.
Pois é, aqui em Garibaldi sabia-se de tudo através dos sinos. As primeiras horas da manhã tocava o sino menor. Minutos depois, o outro menor e o do meio e mais alguns minutos, os três: eram os três sinais, anunciando a missa.
Quando morria alguém, ficava-se lago sabendo se quem tinha falecido era uma criança, uma pessoa solteira ou um casado: para as crianças, tocava o sino menor. Para os solteiros, o médio e para casados, dobrava o maior, que tinha um ecoar fúnebre, quando tocado sozinho.
Logo, tudo é um trabalho subjetivo, mobilizado por uma resposta inevitável que move o indivíduo a viver um processo de ajustes em todos os setores da vida.