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21/06/2024
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Armadilha do Capim

    É no detalhe que as coisas se definem! São nos detalhes que nos diferenciamos, e muitas vezes em detalhes imperceptíveis. Nem sempre nossos olhos conseguem ver a armadilha ou os obstáculos, também nem sempre nossa mente consegue prever algo que está por acontecer. A autoconfiança, a alegria, o êxtase por algo bom podem provocar a miopia sobre os obstáculos ou sobre aspectos da vida. Depois do fato acontecido, olhamos para trás e nos questionamos: Como não percebi? Estava tudo tão claro!

    Lembro-me de alguns tombos que levei, no caminho para a roça. e ao lembrar disso, lembro também de uma brincadeira comum na minha infância. Por brincadeira, era comum alguém juntar o capim de um lado do "carreiro" e amarrar ao capim do outro lado, fazendo assim uma espécie de armadilha. Distraídos qualquer um que passava, enroscava o pé e o tombo era certo. Se estivesse correndo, ou carregando alguma coisa, o tombo era mais inevitável ainda e muito mais feio.

    Assisti a um vídeo essa semana, em que um piloto de moto, disputando uma corrida estava com larga vantagem sobre os demais e após efetuar a última curva para ingressar na reta de chegada não percebeu os adversários se aproximando. Ergueu as mãos para comemorar, diminuindo assim a velocidade na hora da chegada. Quando percebeu a aproximação, até tentou acelerar novamente, mas já era tarde. Foi ultrapassado a poucos metros da linha de chegada.

    Acredito que não somos super-heróis para estar o tempo todo vendo e prevendo os obstáculos e as armadilhas, mas é preciso estar atento para que não sejamos míopes aos obstáculos previsíveis. Conhecer bem as pessoas que nos cercam, conhecer o ambiente onde trabalhamos, e não apostar tudo na autoconfiança podem evitar quedas ou armadilhas do dia a dia.

    É justamente nos momentos de emoção, de alegria, de conquistas que a vida nos amarra o capim. Parece que a vida conhece aquele trajeto onde gostamos de correr, onde vamos estar distraídos, com a mente cheia de coisas para pensar... Ah! Nem comentei que também já amarrei o capim, algumas vezes, sempre por brincadeira, mas amarrei... Se serve de lição, as maiores raivas que passei foram as vezes que caí na armadilha que eu mesmo havia armado.

    Depois de tantos tombos que levei, aprendi a correr somente onde o carreiro era limpo, se fosse com muito capim dos dois lados, diminuía o passo e redobrava a atenção. Percebi também que a trapaça não vale a pena, pois sempre há o risco de ela recair sobre nós mesmos. E quando por ventura eu descobria trapaça do capim, sentia orgulho ao erguer o pé e passar por cima dela.


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Postado por:

Jácson Lusa

Jácson Lusa

Tradicionalista, poeta, pesquisador, comunicador de rádio e cursando bacharelado em adm. de empresas.

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