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A revolta
Em parte do Rio Grande do Sul, temos uma das maiores planícies alagáveis. Os rios parecem ter vontade própria. Nascem nos montes e descem confinados em leitos que antes eram bem definidos e quase sempre serpenteantes para as terras planas.
Mas logo se insurgem. À medida que avançam, deixam de fluir pelo canal encravado na rocha e traçam outros caminhos, erguendo novas margens com os sedimentos de desrespeitos.
Os dejetos mais grossos e pesados se acumulam e bloqueiam o leito dos rios. As águas, então, rompem as barrancas e se espalham.
Sem procurar culpados. Eventos semelhantes acontecem em todas as partes do Brasil. Mas a pergunta que não quer calar é: quem autoriza as edificações nos morros vulneráveis e nas margens alagáveis?
Para descontrair, das leituras da madrugada lindo texto que nos faz pensar chorando a desgraça que nos abalou:
“Me perdoem por toda esta “bagunça”… Eu só queria passar.
Eu não fui feito pra Destruir… Eu só queria passar.
Já fui Esperança para os Navegantes…
Rede cheia para Pescadores…
Refresco para os banhistas em dias de intenso calor.
Hoje sou sinônimo de Medo e Dor…
Mas, eu só queria passar…
Me perdoem por suas casas
Por seus móveis e imóveis
Por seus animais
Por suas plantações… Eu só queria passar.
Não sou seu inimigo
Não sou um vilão
Não nasci pra destruição…
Eu só queria passar.
Era o meu curso natural
Só estava seguindo meu destino
Mas, me violentaram,
Sufocaram minhas nascentes
Desmataram meu leito… Quando eu só queria passar.
Encontrei tanta coisa estranha pelo caminho… Que me fizeram Transbordar…
Muros
Casas
Entulhos
Garrafas
Lixo
Pontes
Pedras
Paus…
Tentei desviar … Porque eu só queria passar.
Me perdoem por inundar sua história,
Me perdoem por manchar esta história…
Eu só estava passando…
Seguindo o meu trajeto
Cumprindo o meu destino:
Passar…. "
* Jornalista, presidente da Academia Municipalista de Letras de Minas Gerais (cantonius1@yahoo.com.br).