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14/06/2024
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A nossa amizade

    Das amizades da minha infância, o Tio Jovino é uma das que mais me orgulho. Mesmo eu sendo ainda muito pequeno, já nutria um sentimento de amizade com ele. Quando tinha por volta de sete anos, ele já me pedia para ajudá-lo em algumas tarefas, como colocar adubo quando ele ia plantar feijão, recorrer o gado, etc.

    Sempre a minha ajuda era voluntária, mas algumas vezes ele me presenteava com algumas moedas. Lembro-me de um dia que ele me deu uma nota de R$2,00. Uma nota! A representatividade que senti de reconhecimento foi grandiosa. Guardei por longo tempo aquela nota, pois guri, na minha época, não ganhava dinheiro, ganhava alguns presentes, balas, chiclete, um refrigerante, uma rapadura...

    Mais tarde o Tio Jovino passou a me convidar para jogar bocha no campo. Perto da casa dele havia um lugar plano e de grama baixa, onde era bem propício para jogar bocha. Lá da minha casa eu escutava um assobio, então eu olhava por debaixo das árvores e avistava o tio Jovino fazendo um gesto com a mão, incitando-me para um jogo de bocha.

    Essa amizade ficou guardada no meu coração, e fiz questão de guardar comigo quando resolvi seguir um caminho distante. Há pouco tempo soube que o Tio Jovino faleceu. Todas as lembranças vieram à tona e mesmo assim, me parece que ele continua vivo.

    Na vida temos encontros e desencontros, e muitas vezes é necessário aceitar que as nossas escolhas ceifem algumas coisas muito boas de nossa vivência. É necessário aprender que as amizades também possuem um ciclo, e cada amigo permanece ao nosso lado somente o tempo necessário para a missão que tivemos juntos. Assim como o Tio Jovino tive outros tantos amigos que a vida se encarregou de distanciar, de levar, ao mesmo tempo em que trouxe novos.

    Da nossa amizade, desejo apenas que sejamos sábios para extrair tudo o que ela nos trazer de bom no tempo natural desse ciclo, e se um dia porventura a distância vier, que fique o mesmo sentimento que tenho pelo tio Jovino, e que de mim recebam aquilo que lhe fizer bem. Sendo assim, não importa onde estivermos, estaremos vivos, um na memória do outro.


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Postado por:

Jácson Lusa

Jácson Lusa

Tradicionalista, poeta, pesquisador, comunicador de rádio e cursando bacharelado em adm. de empresas.

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