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25/10/2024
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124 anos de história

Homenageio nosso Município com uma Coluna escrita por nosso Pai a este Jornal na data de 06.06.1987:

“Meu Garibaldi" - Jamil koff

    É verdade, muita coisa mudou. Bem diferente o Garibaldi de hoje do Garibaldi não muito remoto.

    Como se viajava naquele tempo? Só havia um meio: o trem. Por isso, a estação ferroviária era intensamente movimentada, nos horários de chegadas e saídas do único meio de viajar de que se dispunha. Vindo de Carlos Barbosa, a maria-fumaça começava a apitar naquela ponte que ainda existe na barragem da hidráulica e vencia lentamente a rampa, até chegar na estação quando vinha de Bento Gonçalves, começava a apitar na altura da onde hoje se situa a Delegacia de Polícia.

    Os automóveis de praça concentravam-se todos na estação e muitas vezes tinham que fazer mais de uma viagem até o centro. O acesso se fazia pela que hoje é a avenida Rio Branco, naquele tempo conhecida como estrada de São Miguel, uma rua desabitada e barrenta, onde os poucos automóveis que por lá transitavam, não raro atolavam quando chovia.

    Os que preferiam chegar até a cidade caminhando, vinham por um caminho que hoje é a Presidente Vargas.

    Antes da estrada de ferro chegar a Garibaldi, os viajantes eram buscados em Carlos Barbosa por diligências, uma das quais de propriedade de José Zorzi, pai do nosso conhecido Hilar, dono do Posto Shell. Quatro mulas puxavam aquelas viaturas vagarosas...

    O que é mais interessante é que a maioria da população regrava a sua vida pelo apito do trem. Trem apitou? São tantas horas. Claro que eram pontuais. Se não apitavam, todos queriam saber se tinha acontecido algum acidente...

    A vida noturna, como vimos na semana passada, dividia-se, no verão, entre passeios pela rua e café. No inverno, café ou serões ao pé do fogão. Cinema? Uma vez por semana. 0 primeiro cinema funcionou num casarão de madeira, na rua Júlio de Castilho, hoje propriedade dos Mafazzioli. Para as matinês de domingo, o Grassi, que era proprietário do cinema, onde a gente sentava em cadeiras de palha, coloniais, acoplava um gerador com uma correia na roda traseira de um Ford bigode. Enquanto o motor do "fordeco" não engasgava, dava para assistir-se o "mocinho" desempenhar as suas aventuras...

    Durante a noite, a luz era fornecida por uma velha usina a gás pobre, localizada onde é hoje o Rex Pópuli. Depois, foi comprado um motor a óleo diesel, instalado onde hoje é o escritório da CEEE. 0 primeiro "maquinista" foi o alemão MEYER, depois substituído pelo nosso conterrâneo Luiz Antoniazzi, um modesto colono provindo de Coronel Pilar e tornou-se um especialista em motores. Para quem não sabe, Luiz Antoniazzi era pai do Honório, que seguiu a mesma trilha do pai, até aposentar-se na CEEE.

    A luz apagava à meia-noite. Mas, antes de apagar-se dava dois sinais, com intervalo de uns cinco minutos, para dar tempo a que se providenciasse velas, lampiões a querosene, etc...”.


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Postado por:

Flavio Green Koff

Flavio Green Koff

Flávio Green Koff é Advogado, Pós-Graduação Lato Sensu em Gerente de Cidade – “City Manager”, pela Fundação Armando Álvares Penteado, concluída em novembro de 2002.

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