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11/10/2024
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Tochas

    No tempo em que eu tinha por volta de 10 anos, em minha casa não havia energia elétrica. Na casa do tio Jovino e da tia Ana já haviam conseguido instalar a energia. Então, sempre que chegava o final da tarde, eu costumava ir até a casa deles para assistir uma novela, no único canal que era possível sintonizar. A novela que estava no ar nesse período se chamava A VIAGEM.

    Para chegar até a casa do tio e da tia, eu precisava andar aproximadamente 500 metros atravessando uma mata fechada. Para ir sempre foi tranquilo, pois o dia mal havia se findado e ainda era claro. Já a volta, era uma escuridão total, e somado aos pensamentos sobre a novela que continha um enredo espírita, e que mostrava ilustrativamente a vida após a passagem e interação dos entes que já haviam partido com a vida terrena.

    Não preciso ilustrar muito para que imaginem o medo que eu sentia ao atravessar a mata. Mas eu tinha uma arma...

    Eu pegava uma “grimpa”, que é um pedaço do galho do pinheiro, aquele que contém os espinhos, ou seja; a folha da nossa araucária, e usava ela como uma tocha. Ao sair da casa da tia, eu acendia a grimpa, e saia correndo em direção a minha casa. O fogo queimava rápido, e quando estava acabando as chamas eu tinha que conseguir outra no caminho e acender. Duas grimpas eram o suficiente para que eu conseguisse chegar em casa, por isso ainda na ida, eu já deixava estrategicamente as grimpas em dois lugares para usar na volta.

    Hoje fui fazer a minha leitura da Bíblia, e li uma frase de Jesus, que me fez lembrar desse detalhe da minha vida. No livro de Marcos Jesus diz: “– Eu sou a luz do mundo; quem me segue nunca andará na escuridão, mas terá a luz da vida”

    Como faz bem ter uma luz na hora do medo, da insegurança, na hora em que somos postos à prova. Eu poderia não ir assistir a novela por conta do medo que ela gerava, mas saber que eu tinha a tocha para voltar me encorajava a ir.

    Muitas vezes somos nós mesmos os responsáveis por espalhar pontos de luz em nosso caminho, deixar algumas grimpas em nossa trajetória para um dia, na hora da necessidade, acender. Porque uma coisa é certa: o medo, as incertezas, irão tentar nos tirar do nosso propósito, e pode ser que um dia cheguemos ao ponto de quase desistir. Então nesse momento vamos parar e pensar: Espera aí! Mas eu tenho algumas armas para enfrentar essa incerteza, eu tenho algumas tochas para queimar.

    Espero que isso te inspire a ir na direção do seu sonho, e durante a trajetória espalhe as “tochas” pelo caminho, que podem ser amizades, cursos, relacionamentos, ações do bem... No dia que o medo bater, acenda uma de suas tochas e saia correndo, sem olhar para trás, sem permitir que sua mente lhe faça desistir, porque só constrói história quem se atreve a enfrentar seus próprios medos.


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Postado por:

Jácson Lusa

Jácson Lusa

Tradicionalista, poeta, pesquisador, comunicador de rádio e cursando bacharelado em adm. de empresas.

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