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15/09/2023
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Humanos?

    Alexandre Herculano, um poeta português, um sábio, um ser humano tomado por uma inspiração grandiosa falou uma frase que para mim, a cada dia que passa, ganha mais sentido de atualidade. Frase essa que, infelizmente, nunca perde o sentido. "Quanto mais conheço o ser humano mais estimo os animais"
    Eu vou voltar a falar do assunto que está a todo momento no noticiário, a catástrofe que foi a enchente da última semana.
    Ontem, parei para refletir ao me dar conta de como essa tragédia vem sendo explorada pela mídia, pelas empresas e, principalmente, pelos políticos. A insensibilidade é tanta que a dor e a tristeza das pessoas é usada para fins de autopromoção, marketing de caridade, e sei lá como posso chamar essa atitude insana de tanta gente.
Jacson, mas sempre foi assim! Sim, sempre foi assim, mas eu confesso que achava que o ser humano, ao menos em situações de extrema comoção, teria compaixão, e que, em momentos como este, iria predominar a bondade.
    Ontem as redes sociais se encheram de discussões políticas, vídeos e textos expondo as pessoas e as cidades atingidas. Ações totalmente alheias a inspirações de ajuda humanitária, caridade ou sensibilidade com o próximo.
    A verdade é que se somar o tempo de “criação” de tanto "material", "conteúdo", enfim, só o tempo gasto com isso tudo, se fosse usado para ajudar, as cidades já estariam todas limpas. Não entendi porque os representantes políticos têm que visitar um lugar devastado para anunciar liberação de verbas e, por gentileza, não pensem que estou puxando para A ou B.
Para meu leigo senso de humanidade era simples: Aconteceu a emergência? A defesa do país se desloca em tempo mais curto possível e coloca estrutura e homens em caráter emergencial, em poucas horas ou, no máximo, no outro dia o poder público já tinha que estar estruturado para acolher, atender e proteger as pessoas. Essa ordem não tinha que estar condicionada a aguardar alguém ir pessoalmente avaliar a situação para só depois tomar decisões. Desculpem a franqueza, mas tem coisas que não podem esperar.
    Fico indignado que uma pessoa tenha que se submeter a fazer um cadastro, para contabilizar números, para então se credenciar a receber um auxílio, uma ajuda. Numa situação dessas em que a pessoa não tem nem como se locomover, ter que ir a algum lugar para só depois receber ajuda é inaceitável. Primeiro se ajuda, socorre, abraça, alimenta, acolhe e depois quando der pergunta quem é…
Por outro lado, se fosse tirar do local os curiosos, os fotógrafos, os marketeiros, sobraria muito mais espaço e condições de trabalho para as pessoas que ou tem amigos, parentes ou que tem apenas um coração onde ainda habita a bondade e a humanidade.
Entre os animais, jamais aconteceria isso, porque a "irracionalidade" faria com que tentassem defender a vida e garantir a segurança dos seus, sem uma pretensão sequer. Por isso, sim, me permita concordar contigo, Dom Herculano, “quanto mais conheço o ser humano, mais estimo os animais.”

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Postado por:

Jácson Lusa

Jácson Lusa

Tradicionalista, poeta, pesquisador, comunicador de rádio e cursando bacharelado em adm. de empresas.

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