É através da família que se transmite o patrimônio cultural de uma sociedade e de uma nação. Estamos vivendo num mundo de transição, numa época de perturbação e esvaziamento de valores espirituais. A violência, os vícios, o desregramento e a sexualidade irresponsável vêm causando inúmeros malefícios à nossa juventude. Diante de tantos desajustes familiares que sentimos, presenciamos e assistimos no mundo moderno, como entendermos as divergências, às vezes, tão acirradas, entre membros de uma mesma família? Hoje o que vemos é ausência total dos pais diante da orientação para seus filhos adolescentes: ausência de hierarquia, ausência de limites, ausência de comunicação, ausência de disponibilidade dos pais em ouvirem seus filhos, tocá-los, reconhecê-los e amá-los. Os jovens confusos já não percebem mais o significado da vida.

 É em “O Evangelho segundo o Espiritismo”, de Allan Kardec, no Cap. XIV que iremos encontrar a fala de Santo Agostinho a nos lembrar a importância dos pais na vida dos seus filhos. Os filhos não vêm a nós “por acaso”, o lar é o local dos reencontros espirituais, planejados e necessários. Os Espíritos trazem tendência para serem reajustadas para o bem. Aos pais cabe a função de orientar esses Espíritos para nova caminhada. Auxiliemos a estes Espíritos, hoje, crianças e adolescentes. Sejamos referência saudável para eles e com certeza um mundo mais harmônico e feliz estaremos ajudando a construir.

O corpo procede do corpo, mas o Espírito não procede do Espírito, porque o Espírito existia antes da formação do corpo. Não é o pai quem cria o Espírito de seu filho. Ele só fornece um envoltório corporal, mas deve ajudar em seu desenvolvimento intelectual e moral para fazê-lo progredir. Os Espíritos que reencarnam numa mesma família, sobretudo como parentes próximos, muito frequentemente, são Espíritos simpáticos, unidos por relações anteriores, que se traduzem em sua afeição durante a vida terrestre. Os verdadeiros laços de família não são os da consanguinidade, mas os de simpatia e comunhão de pensamentos que unem os Espíritos antes, durante e depois de sua encarnação.” Emmanuel, mentor de Chico Xavier, no livro ‘Caminho, Verdade e Vida’, sugere uma divisão no conceito de família: a família e a parentela. A parentela seria um grupo de Espíritos encarnados num campo de lutas, por vezes muito duras, para exercitarem a paciência, a tolerância e a indulgência, e promoverem a evolução de suas almas. Já a família, seria o símbolo dos laços eternos do amor, onde as almas afins, sintonizadas em seus sentimentos e ações, estariam reunidas para desenvolverem tarefas voltadas ao bem comum. Emmanuel nos conforta dizendo que toda parentela se transformará, por força da evolução, em família. Lembremos que os pais são os Espíritos guardiães encarnados desses Espíritos-filhos que reencarnam para evoluir. O lar, como educandário, de luz deve nutrir as crianças, os filhos, com a educação de acordo com os princípios evangélicos-cristãos, tornando assim, cada ser um Espírito regenarado para a nova Terra. “Bem-aventurados os mansos, pois eles herdarão a Terra.”